“O verão de 2024 foi o que eu vivi mais silenciosamente, por mais que eu estivesse com um álbum extremamente carregado de sexualidade para promover mundo afora. As pessoas sabiam onde eu estava, mas não sabiam o que eu estava fazendo. E a verdade é que eu estava sofrendo. As consequências das minhas ações mais genuinamente bem intencionadas tomaram rumos que eu não esperava, e enquanto eu tentava entender o que eu mesmo havia feito de errado, o mundo parecia se acabar ao meu redor.

(Obviamente não era o fim do mundo e eu estava apenas me sentindo dramático, mas acredite… às vezes o que é visto como drama, na verdade, é justificável se te afeta mentalmente a ponto de você querer largar tudo o que tem.)”

“Eu tenho um irmão mais novo. Ele está longe dos holofotes, tanto eu como ele achamos melhor assim dado o que vimos na indústria. Ele é um dos fatores que me mantém vivo, junto com todas as pessoas que eu amo e que me amam de volta. Minha relação com ele é retratada aqui dentro de uma história que envolve os seguintes elementos, fora de ordem: pais divorciados, revoltas geracionais, cumplicidade proibida, paranoia de perseguição e a decepção de não conseguir ser o que as pessoas precisam que você seja por elas, porque você está na sua versão mais enfraquecida mentalmente.”

“Secretamente, eu criei uma tradição só minha onde todos os meus LPs desde o “DEPRAVATION!” tem uma música que eu tenha escrito enquanto pensava no dono do meu coração. No caso, meu futuro marido, Alec. “The Apprentice” é a epítome de como eu me sentia no início do nosso relacionamento, como um aluno fascinado com o tamanho conhecimento de mundo que seu professor possui e tem a fornecer. Eu queria aprender tudo o que ele sabia sobre a vida, porque eu sabia que seria mais do que o pouco que eu sentia saber. Eu queria ser forte e resiliente, e ele foi meu maior exemplo. Me sentia como um aprendiz de suas experiências.”

“Há um livro escrito por Jean-Paul Sartre com o título “No Exit”: algumas pessoas são colocadas numa mesma sala sem saber que o propósito delas estarem ali é torturar umas às outras psicologicamente. Eu acredito que todos estamos na terra para torturar uns aos outros da mesma maneira, e quem aguentar mais, certamente vai sentir os efeitos de tamanha resiliência depois. As pessoas podem ser cruéis, altamente mal intencionadas e tudo isso nem sempre tem a ver com o que elas sentem por você, mas com a própria vontade delas em serem miseráveis com os outros. Não somos os protagonistas do mundo, e isso estressa essas pessoas, porque elas queriam muito ser. Eu entendo que não sou. Eu sei meu lugar.”

“Você já teve a sensação de que o mundo tem seguido em uma velocidade mais rápida do que a que você consegue acompanhar? Como se tudo fugisse do seu controle e você se sentisse travado dentro de si mesmo porque não consegue prosseguir com sua vida na velocidade e na destreza com a qual os outros conseguem? Esse é um daqueles sentimentos que não saem de mim, não importa quanto tempo se passe. Essa é uma faixa de revolta contra o tempo, e contra suas peculiaridades que eu nunca entendo.”

“Quando se vive dentro de uma família de temperamentos impetuosos, impulsivos e quase que inconsequentes, você cresce e passa a tentar entender suas atitudes. Será que todo o clima de tensão ali naquele ambiente não tinha como ser resolvido de forma racional e por isso ninguém deveria ser culpado pelo modo como a vida tratou aquelas pessoas? Ou será que a culpa, no fim, era de todos os envolvidos no declínio de um elo que parecia ser tão forte? Esse questionamento gerou esta composição aqui.”

“Sendo a faixa de encerramento do álbum, ela possui referências aos títulos de todas as outras canções anteriores na ordem de faixas, o que eu adorei fazer porque traz essa sensação de encerramento de ciclo… só que não. A conclusão que tirei ao final do processo criativo deste álbum é que você não consegue se livrar do que te aflige. A única coisa que você pode tentar é dançar não ao redor do caos, não no meio dele, mas com ele. Agarre o stress que te atormenta e dance conforme a música que ele dita. E, por incrível que pareça, o controle que você ganha ao saber como suas fraquezas funcionam é maior do que você consegue imaginar.”